domingo, 1 de agosto de 2010

NIETZCHE E A CULTURA ESCRAVA - CONTINUAÇÃO

Para Nietzche, o grego não tinha apenas um conceito para bem e mal, ruim e bom; tinha dois, dependendo do ponto de vista da classe que usava. Quem primeiro definiu a palavra foi o senhor, o escravo definia o que era justo ou injusto apenas num segundo momento. Logo o senhor é o dono é da palavra e da linguagem, o escravo primeiro tem que ter conhecimento de algo que nasceu do senhor para se posicionar sobre bem e mal, justo e injusto
Ser senhor é ter poder de se aproximar da linguagem. O senhor é quem diz sim, o escravo diz não; ele deixa de ser escravo e passa a ser senhor, não quando muda a sua classe social, mas quando se apropria da linguagem e deixa de dizer "não"(não a injustiça, não aos maus tratos etc...)
O homem moderno é atrofiado em relação à ação e à criação, recebe uma grande quantidade de informação que não consegue digerir. Na nossa cultura a tendência é o indivíduo negar seus valores ao invés de afirmar, ele não cria seus valores, não cria dianteira nem vanguarda.
Os valores para Nietzche são criados de acordo com certas necessidades, depois se sedimentam e aparecem como valores eternos. O fato de o escravo ter que produzir para o senhor alimentou todo um ódio, todo um ressentimento que gerou a rebelião dos escravos da moral que começou quando começou quando este começou a produzir os valores gerados do ódio que tinham e se desenvolvia ao contentar-se com uma vingança imaginária
Já o senhor revidava o seu ódio, revidava duelando, sendo assim, o senhor geralmente morria novo.Nesse sentido, o escravo passa a ser mais sábio que o senhor, que por ser tão arrogante passa a ser igualmente ingênuo, enquanto o escravo desenvolve a memória, porque jamais esquece o que sofreu e, nesse caso, passa a ser mais estrategista que o senhor.
O senhor é um tipo condenado ao desaparecimento, ele sempre necessita do espelho de um outro senhor para se reconhecer
Ao lado desses dois tipos, Nietzche aponta um terceiro tipo, que seria o tipo "sacerdote"; sacerdote não no sentido religioso da palavra, mas como aquele que atua consolando, e obviamente aliviando o sofrimento. A espiritualização não é fruto do senhor, mas do escravo, que é consolado pelo sacerdote.
A classe sacerdotal e a classe aristocrática e guerreira do senhor tendem a invejar-se mutuamente. Os senhores são robustos, livres e alegres, entretanto, os sacerdotes são inimi8gos mais malignos porque são impotentes, e a impotência faz crescer neles um ódio monstruoso, sinistro, intelectual e venenoso.
O tipo senhor luta até morrer, joga com a própria vida para se manter senhor, ao ser derrotado, ou morre ou se torna escravo. O tipo sacerdote surge para alivar o rancor daqueles que tem que segurar o revide; e do tipo escravo recebemos o legado da cultura e dos valores. Essa origem se repete através dos tempos na medida em que está escrita no caráter funesto da humanidade.
O cristianismo, espinha dorsal da civilização ocidental é,segundo Nietzche, o escravo no poder, a vitória do escravo sobre o senhor. A cultura judaico-cristã é uma cultura de escravos. Para ele, o burgues do século XIX, o capitalista, não é senhor, é um escravo bem sucedido.

Um comentário:

  1. Texto baseado nos esinamentos e nas aulas da professora Kátia Muricy do Departamento de Filosofia da PUC-RJ, com que eu tive a honra de estudar. Faz parte de minha monografia"ÉPOCA HOMÉRICA - SOCIEDADE E ESCRAVIDÃO" pp 47, 48, 49.

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