Somos um grande contigente
Mendigos, bandidos, pigentes
O mundo não se orgulha da gente
Mesmo assim sonhamos com vitórias
Na luta contra a caça predatória
Não imploramos a elite
Nenhuma ajuda aleatória
Mas já cansamos de viver
A mesma versão da mesma história
Ver a gente da gente
Implorando pelo pão
Sentir o sangue da gente
Em permanente ebolição
Chorar o sangue da gente
Derramado pelo chão
Somos mártires
Porque mártir também é quem parti
Sem querer partir
Sentir vontade de chorar
Mas ter que sorrir
Sabemos que somos seres sobresalentes
Doentes, dependentes, mas intransigentes
Vistos como alienígenas,alienados, diferentes
E que sempre haverá regentes
Tentando ditar nossos rumos
Espremer nosso suor
Sugar nosso sumo
Sabemos que somos carentes
Explorados, mas sobreviventes
Disputamos os melhores lugares entre os indigentes
Para com nossos tutores mais exigentes
Somos intransigentes
E inteligente o suficiente
Para saber
Que eles pensam
Que a gente não é gente
domingo, 3 de outubro de 2010
RASTROS DE RÉPTEIS - Poema
Certamente
A serpente não é falsa como a gente
Não quer comer a gente
Não quer matar a gente
Apesar do azar de quem cobra
A lealdade das cobras
Mas ter ou não ter
Eis a razão que se inverte
Confundindo os répteis
Que se amam e se repelem
Aquilo pode ser um crocodilo
Num disfarce de esquilo
Tudo é fruto da ciência, da eficiência
Da luta pela sobrevivência
Pior para quem não vê
Que ser ou não ser
Eis a questão que não nos compete
Muito menos aos répteis
Que se desnudam e se vestem
Jamais pode ser esquecido
O latido é o choro do cachorro
E de quem mais fizer côro
Dias ímpares, dias pares
Mesmas pessoas, cadáveres, lugares
Ver ou não ver
Eis a visão que nos remetem
Identificando os répteis
Que nos ofuscam e nos refletem
A multidão apressada
Lembra a solidão das manadas
Bandos que caminham para o nada
Lágrimas calcificadas, almas crucificadas
Vários horários, mil compromissos, sacros salários
Querer ou não querer
Eis as interrogações a que nos submetem
Dialogando como os répteis
Num dialeto sem intérpretes
A serpente não é falsa como a gente
Não quer comer a gente
Não quer matar a gente
Apesar do azar de quem cobra
A lealdade das cobras
Mas ter ou não ter
Eis a razão que se inverte
Confundindo os répteis
Que se amam e se repelem
Aquilo pode ser um crocodilo
Num disfarce de esquilo
Tudo é fruto da ciência, da eficiência
Da luta pela sobrevivência
Pior para quem não vê
Que ser ou não ser
Eis a questão que não nos compete
Muito menos aos répteis
Que se desnudam e se vestem
Jamais pode ser esquecido
O latido é o choro do cachorro
E de quem mais fizer côro
Dias ímpares, dias pares
Mesmas pessoas, cadáveres, lugares
Ver ou não ver
Eis a visão que nos remetem
Identificando os répteis
Que nos ofuscam e nos refletem
A multidão apressada
Lembra a solidão das manadas
Bandos que caminham para o nada
Lágrimas calcificadas, almas crucificadas
Vários horários, mil compromissos, sacros salários
Querer ou não querer
Eis as interrogações a que nos submetem
Dialogando como os répteis
Num dialeto sem intérpretes
NAS ASAS DO VENTO - Poema
O céu batiza com águas sagradas
Pedras cativas
Paradas
Moinhos fantasmas inventam redomoinhos
E a brisa alisa
Verdejantes relvas do caminho
As matas dançam
Um vento constituído de tecido invisível
Me alcança
Balança e arrasta
Meu corpo leve
Num vôo breve
De sonhos
Que disperta num paraíso paradisíaco
Um tanto quanto perdido
Belas mulheres despem sudários de sêda
E vestem frias estátuas
Estáticas guardiãs do cotidiano
Segredos lacram a minha boca
Aprisionando palavras soltas, fugitivas
Disparando o coração
Carregado de emoções explosivas
O vento é cigano
Devasta terras
Move oceanos
Vence guerras
Armado de raios e trovões
Furacões abalam prédios concretos
As janelas sentem o impacto
De certos objetos abstratos
Que orquestram a dança das cortinas
E faz a festa com as saias das meninas
Velas e colheres descançam
Na solidão dos armários
E na exposição das mesas
Catiçais, porcelanas estilhaçadas
Enfeitam toalhas avessas
E o medo cala a minha boca
De palavras ocas e gengivas
E escancara o coração
Libertando aflição e ogivas
Pedras cativas
Paradas
Moinhos fantasmas inventam redomoinhos
E a brisa alisa
Verdejantes relvas do caminho
As matas dançam
Um vento constituído de tecido invisível
Me alcança
Balança e arrasta
Meu corpo leve
Num vôo breve
De sonhos
Que disperta num paraíso paradisíaco
Um tanto quanto perdido
Belas mulheres despem sudários de sêda
E vestem frias estátuas
Estáticas guardiãs do cotidiano
Segredos lacram a minha boca
Aprisionando palavras soltas, fugitivas
Disparando o coração
Carregado de emoções explosivas
O vento é cigano
Devasta terras
Move oceanos
Vence guerras
Armado de raios e trovões
Furacões abalam prédios concretos
As janelas sentem o impacto
De certos objetos abstratos
Que orquestram a dança das cortinas
E faz a festa com as saias das meninas
Velas e colheres descançam
Na solidão dos armários
E na exposição das mesas
Catiçais, porcelanas estilhaçadas
Enfeitam toalhas avessas
E o medo cala a minha boca
De palavras ocas e gengivas
E escancara o coração
Libertando aflição e ogivas
SANGUE - Poema - Continuação
As nuvens eram vermelhas
As chuvas eram de SANGUE
As valas, os pântanos, os mangues
Também eram de SANGUE
A tristeza ía e vinha
Como um bumerangue
Distribuindo SANGUE
Tudo era SANGUE
O sol vermelho ardia
O mar refletia
Como um imenso espelho
Vermelho de SANGUE
Os filmes de bang-bang
Não eram nada
Nessa escalada de SANGUE
Tudo era plasma
Vermelhidão de fantasmas
Que vagavam pelas casas
Mas as casas ardiam em brasas
As paredes, as janelas, as telhas
Eram todas vermelhas
De sangue eram as cachoeiras com suas cascatas
Despejando cabeleiras abruptas
Regando florestas e matas
Verdejantemente rubras
As praias, os rios, os lagos
Também eram de SANGUE
Tudo lembrava morte
Seja no sul
Ou no extremo do norte
Nada era azul
Tudo era vermelho
Tudo era SANGUE
Mas quando tudo parecia o fim
Olhei para dentro de mim
E descubri
Que o meu interior
Era repleto de amor
Havia belos animais, sorrisos de crianças
Um diversificado jardim com lindas flores
Tudo coberto por um grande aro-iris
Com mais de mil cores
As chuvas eram de SANGUE
As valas, os pântanos, os mangues
Também eram de SANGUE
A tristeza ía e vinha
Como um bumerangue
Distribuindo SANGUE
Tudo era SANGUE
O sol vermelho ardia
O mar refletia
Como um imenso espelho
Vermelho de SANGUE
Os filmes de bang-bang
Não eram nada
Nessa escalada de SANGUE
Tudo era plasma
Vermelhidão de fantasmas
Que vagavam pelas casas
Mas as casas ardiam em brasas
As paredes, as janelas, as telhas
Eram todas vermelhas
De sangue eram as cachoeiras com suas cascatas
Despejando cabeleiras abruptas
Regando florestas e matas
Verdejantemente rubras
As praias, os rios, os lagos
Também eram de SANGUE
Tudo lembrava morte
Seja no sul
Ou no extremo do norte
Nada era azul
Tudo era vermelho
Tudo era SANGUE
Mas quando tudo parecia o fim
Olhei para dentro de mim
E descubri
Que o meu interior
Era repleto de amor
Havia belos animais, sorrisos de crianças
Um diversificado jardim com lindas flores
Tudo coberto por um grande aro-iris
Com mais de mil cores
SANGUE - Poema
Após um apurado exame
Via-se ao longe
Um enxame de abelhas
Todas vermelhas
Assim como vermelhas
Eram as gotas de moscas
Como um aluvião na imensidão
Numa sinistra chuva
De sangue
Eu tinha os olhos abertos
Mas diante de mim tudo era deserto
E como num pesadelo
Tudo era vermelho
Via-se ao longe
Um enxame de abelhas
Todas vermelhas
Assim como vermelhas
Eram as gotas de moscas
Como um aluvião na imensidão
Numa sinistra chuva
De sangue
Eu tinha os olhos abertos
Mas diante de mim tudo era deserto
E como num pesadelo
Tudo era vermelho
domingo, 22 de agosto de 2010
JARDIM DO ÉDEN (Não Há Mais Nada Aqui) - POEMA
Quando a natureza morta
Envolve tudo a sua volta
Voce vê flores sem cores
Mastiga pétalas de rosas
Acha gostosas
Depois vomita sangue no jardim
Admira as moscas varejeiras
Que beijam a sua roseira
Até descubrir
Que não existem mais colibris
Quando a natureza morta
Acusa as suas botas
Voce vê arco-iris sem cores
Devora talos de cravos
Para não se sentir escravo
Vassalo no seu jardim
Caminha sobre os espinhos
Como se fosse um faquir
Até deduzir
Que o Éden não é mais aqui
Envolve tudo a sua volta
Voce vê flores sem cores
Mastiga pétalas de rosas
Acha gostosas
Depois vomita sangue no jardim
Admira as moscas varejeiras
Que beijam a sua roseira
Até descubrir
Que não existem mais colibris
Quando a natureza morta
Acusa as suas botas
Voce vê arco-iris sem cores
Devora talos de cravos
Para não se sentir escravo
Vassalo no seu jardim
Caminha sobre os espinhos
Como se fosse um faquir
Até deduzir
Que o Éden não é mais aqui
Galerias Subterrâneas - POEMA
Mesmo cego de ciumes
Mantenho o estranho costume
De mirar e atirar facas de dois gumes
Para discernir
O olhar que teve a calma
De vislumbrar o meu sudário
Rasgado
E sujo de alma
Quando fui condenado, algemado, excrachado
Acendi uma vela
Para poder iluminar minhas vielas
Antes que as câmeras mostrassem
Em instantes instantâneos
Os abismos de sombras
E os labirintos de meu cotidiano
Mas enfim os canhões deram salvas
E eu, ingenuamente achei
Que a minha reputação estava salva
Porém, de repente eu vi
Que já fazia parte da capela
Aquele velho cravo
Que eu sempre usava na lapela
Mantenho o estranho costume
De mirar e atirar facas de dois gumes
Para discernir
O olhar que teve a calma
De vislumbrar o meu sudário
Rasgado
E sujo de alma
Quando fui condenado, algemado, excrachado
Acendi uma vela
Para poder iluminar minhas vielas
Antes que as câmeras mostrassem
Em instantes instantâneos
Os abismos de sombras
E os labirintos de meu cotidiano
Mas enfim os canhões deram salvas
E eu, ingenuamente achei
Que a minha reputação estava salva
Porém, de repente eu vi
Que já fazia parte da capela
Aquele velho cravo
Que eu sempre usava na lapela
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