domingo, 3 de janeiro de 2010

Jazígo Perpétuo(Para Vladimir Herzog) - poema

Como dói
Ter no minúsculo vão de uma abertura
A sensação de se sentir inconsciente
E no crepúsculo ouvir todas as juras
De quem nasceu para lutar
Para viver inconfidente

Como dói
Ver que nunhuma chave abre a fechadura
Ter que morrer e não ver livre a sua gente
Padecer sem ver descer a ditadura
Sem conseguir arrebentar estas correntes

Como dói
Ver um jardim tão lindo sendo dizimado
Ver o capim navalha logo se alastrando
Ver o jasmim que deram a ti aprisionado
Mas como tu
Lutando e não se entregando

Como dói
Ver a tristeza em todas as formas de gravuras
Ver tão distante a chance de se redimir

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