domingo, 3 de outubro de 2010

NÓS, OS MISERÁVEIS - Poema

Somos um grande contigente
Mendigos, bandidos, pigentes
O mundo não se orgulha da gente
Mesmo assim sonhamos com vitórias
Na luta contra a caça predatória

Não imploramos a elite
Nenhuma ajuda aleatória
Mas já cansamos de viver
A mesma versão da mesma história
Ver a gente da gente
Implorando pelo pão
Sentir o sangue da gente
Em permanente ebolição
Chorar o sangue da gente
Derramado pelo chão

Somos mártires
Porque mártir também é quem parti
Sem querer partir
Sentir vontade de chorar
Mas ter que sorrir

Sabemos que somos seres sobresalentes
Doentes, dependentes, mas intransigentes
Vistos como alienígenas,alienados, diferentes
E que sempre haverá regentes
Tentando ditar nossos rumos
Espremer nosso suor
Sugar nosso sumo

Sabemos que somos carentes
Explorados, mas sobreviventes
Disputamos os melhores lugares entre os indigentes
Para com nossos tutores mais exigentes
Somos intransigentes
E inteligente o suficiente
Para saber
Que eles pensam
Que a gente não é gente

RASTROS DE RÉPTEIS - Poema

Certamente
A serpente não é falsa como a gente
Não quer comer a gente
Não quer matar a gente
Apesar do azar de quem cobra
A lealdade das cobras
Mas ter ou não ter
Eis a razão que se inverte
Confundindo os répteis
Que se amam e se repelem

Aquilo pode ser um crocodilo
Num disfarce de esquilo
Tudo é fruto da ciência, da eficiência
Da luta pela sobrevivência
Pior para quem não vê
Que ser ou não ser
Eis a questão que não nos compete
Muito menos aos répteis
Que se desnudam e se vestem

Jamais pode ser esquecido
O latido é o choro do cachorro
E de quem mais fizer côro
Dias ímpares, dias pares
Mesmas pessoas, cadáveres, lugares
Ver ou não ver
Eis a visão que nos remetem
Identificando os répteis
Que nos ofuscam e nos refletem

A multidão apressada
Lembra a solidão das manadas
Bandos que caminham para o nada
Lágrimas calcificadas, almas crucificadas
Vários horários, mil compromissos, sacros salários
Querer ou não querer
Eis as interrogações a que nos submetem
Dialogando como os répteis
Num dialeto sem intérpretes

NAS ASAS DO VENTO - Poema

O céu batiza com águas sagradas
Pedras cativas
Paradas
Moinhos fantasmas inventam redomoinhos
E a brisa alisa
Verdejantes relvas do caminho

As matas dançam
Um vento constituído de tecido invisível
Me alcança
Balança e arrasta
Meu corpo leve
Num vôo breve
De sonhos
Que disperta num paraíso paradisíaco
Um tanto quanto perdido

Belas mulheres despem sudários de sêda
E vestem frias estátuas
Estáticas guardiãs do cotidiano
Segredos lacram a minha boca
Aprisionando palavras soltas, fugitivas
Disparando o coração
Carregado de emoções explosivas

O vento é cigano
Devasta terras
Move oceanos
Vence guerras
Armado de raios e trovões
Furacões abalam prédios concretos
As janelas sentem o impacto
De certos objetos abstratos
Que orquestram a dança das cortinas
E faz a festa com as saias das meninas

Velas e colheres descançam
Na solidão dos armários
E na exposição das mesas
Catiçais, porcelanas estilhaçadas
Enfeitam toalhas avessas
E o medo cala a minha boca
De palavras ocas e gengivas
E escancara o coração
Libertando aflição e ogivas

SANGUE - Poema - Continuação

As nuvens eram vermelhas
As chuvas eram de SANGUE
As valas, os pântanos, os mangues
Também eram de SANGUE
A tristeza ía e vinha
Como um bumerangue
Distribuindo SANGUE

Tudo era SANGUE

O sol vermelho ardia
O mar refletia
Como um imenso espelho
Vermelho de SANGUE
Os filmes de bang-bang
Não eram nada
Nessa escalada de SANGUE

Tudo era plasma
Vermelhidão de fantasmas
Que vagavam pelas casas
Mas as casas ardiam em brasas
As paredes, as janelas, as telhas
Eram todas vermelhas

De sangue eram as cachoeiras com suas cascatas
Despejando cabeleiras abruptas
Regando florestas e matas
Verdejantemente rubras

As praias, os rios, os lagos
Também eram de SANGUE
Tudo lembrava morte
Seja no sul
Ou no extremo do norte
Nada era azul
Tudo era vermelho
Tudo era SANGUE

Mas quando tudo parecia o fim
Olhei para dentro de mim
E descubri
Que o meu interior
Era repleto de amor
Havia belos animais, sorrisos de crianças
Um diversificado jardim com lindas flores
Tudo coberto por um grande aro-iris
Com mais de mil cores

SANGUE - Poema

Após um apurado exame
Via-se ao longe
Um enxame de abelhas
Todas vermelhas
Assim como vermelhas
Eram as gotas de moscas
Como um aluvião na imensidão
Numa sinistra chuva
De sangue

Eu tinha os olhos abertos
Mas diante de mim tudo era deserto
E como num pesadelo
Tudo era vermelho

domingo, 22 de agosto de 2010

JARDIM DO ÉDEN (Não Há Mais Nada Aqui) - POEMA

Quando a natureza morta
Envolve tudo a sua volta
Voce vê flores sem cores
Mastiga pétalas de rosas
Acha gostosas
Depois vomita sangue no jardim
Admira as moscas varejeiras
Que beijam a sua roseira
Até descubrir
Que não existem mais colibris

Quando a natureza morta
Acusa as suas botas
Voce vê arco-iris sem cores
Devora talos de cravos
Para não se sentir escravo
Vassalo no seu jardim
Caminha sobre os espinhos
Como se fosse um faquir
Até deduzir
Que o Éden não é mais aqui

Galerias Subterrâneas - POEMA

Mesmo cego de ciumes
Mantenho o estranho costume
De mirar e atirar facas de dois gumes
Para discernir
O olhar que teve a calma
De vislumbrar o meu sudário
Rasgado
E sujo de alma

Quando fui condenado, algemado, excrachado
Acendi uma vela
Para poder iluminar minhas vielas
Antes que as câmeras mostrassem
Em instantes instantâneos
Os abismos de sombras
E os labirintos de meu cotidiano

Mas enfim os canhões deram salvas
E eu, ingenuamente achei
Que a minha reputação estava salva
Porém, de repente eu vi
Que já fazia parte da capela
Aquele velho cravo
Que eu sempre usava na lapela

Esquinas Suburbanas - POEMA

Numa esquina suburbana jaz
Mais "Restos Motais" da raça humana
Sacrificados sem socorro nem ajuda
Como Judas
Na sombra de um poste sem luz
Como a cruz de Jesus
A violência latente
Silencia os ultimos sobreviventes

As esquinasnão são mais pontos parágrafos
São palcos de desfiles pornográficos
Onde brilham velas vacilantes
Nas encruzilhadas sem semáfaros
A todo instante
Gangs sujam de sangue as calçadas
E decretam o fim dos botequins
Onde os bêbados eram todos poliglotas
Contadores e inventores de anedotas

As esquinas hoje são pontos de encontros
Dos vadios e dos bandos de malandros
Corsários do cotidiano
É por onde passam os otários suburbanos
Com seus trajes de gala
Que são coletes a prova de bala
E o tragicamente típico
Que é cada um calar seu bico

Durante a noite
As esquinas apresentam um mistério
Que aumenta a população dos cemitérios
É onde normalmente surgem corpos
Ou qualquer outro sinônimo
Para mortos anônimos
Que só trazem como marcas
O furo das balas das matracas

Esquinas Suburbanas

TERRA DE CEGO - POEMA

Fazendo vistas grossas enxerguei
E com dois olhos me fiz rei
Em terra de cego
Meus súditos repudiavam os meus atos
Mesmo assim eu reinava sublime
Como um goleador que salva o time

Com óculos e bengala que roubei
Tateando me fiz rei
Em terra de cego
No fundo não compensava tanto sacrifício
Enxergar a escuridão
Sem intertícios

Como tirano me perpetuei
E mesmo sem trono me fiz rei
Em terra de cego
Eu lavava minhas mãos como Pilatos
E tropeçava sublime
Como um gladiador que não se redime

Continuei fora da lei
Bem próximo ao que me fez rei
Em terra de cego
Sem dentes eu roía os ossos do ofício
Naturalmente temendo o regicício

domingo, 15 de agosto de 2010

ESGOTOS - Poema

Os esgostos são sinistros
Não estão aí para serem vistos
Tampas de esgotos são como grades de prisões
Entrar em esgotos é como cair em alçapões
Não é dificil alcançar as profundezas
Atingir fins e abismos através de suasa trilhas
Mas devido aos perigos e certas incertezas
Ninguem imagina um turismo
Por entre os lodos escrotos que enfeitam as manilhas
Mas existe algo de fantástico
Um certo sabor de aventura
Travessuras de garotos marotos
Que nem sentem o mau cheiro e não ouvem os arrotos
Que brotam dos canos dos esgotos

Os esgotos são esquesitos
Vielas de canos infinitos
O interior dos esgotos é uma grande confusão
Entrar pelos esgotos é como invadir uma nação
Iniciar uma dura peregrinação
Levando surras e sofrendo humilhações
Em prolongados estupros anais, desgostos
Algo a ver com os azares de agosto
Convivendo com ratazanas e outros czares dos esgotos
Descubrindo nas fossas de merda das cidades
As ambiguidades de nossas personalidades
Mas ao se lançar com a ousadia dos pilotos
Voce pode se chocar no fundo das galerias escuras
E ter que enfrentar as criaturas dos esgostos

Os esgotos são malditos
Absolvem o sangue escondido dos delitos
Quem olha os esgotos sente canceira na visão
Pisar descalço em esgotos é uma uma estranha sensação
Mas não se preocupe em fazer um relato
Os muitos dialetos dos esgotos não tem nenhuma tradução
Apenas tome cuidado com as chuvas que inundam os esgotos
Todos sabem que os esgotos são escrotos
Ignore os fatos, lendas de esgotos não tem tradição
Mas evite entrar pelas curvas que circundam os esgotos
E não deixe seus sapatos em posição como os que apodrecem nos esgotos
Para não despertar os ratos e os seres nefastos
Os exércitos dos esgotos querem uma revolução

Esgotos são como os conflitos
Que abafam gritos dentro de peitos aflitos
Para entrar nos esgotos não há qualquer proibição
Mas para sair dos esgostos há que se cumprir uma missão
Deixe toda a sua inibição com seus objetos de estimação
Ao assumir o seu posto
E lutar contra os insetos e outros estranhos objetos
Que se escondem nos esgotos
Mas esgostos não são nada
São apenas crateras nuas entre ruas e calçadas
Porém, há crianças nos esgotos lutando pela sobrevivência
Há liderança nos esgotos que querem sobreviver
Lutam para sobrevivência e pela independência
Temos que traduzir esta agonia, a miséria
Cada vez mais séria no nosso dia-a-dia
Já que não dá para explodir todas as galerias
Apagar essa agonia, amargura, desgosto
O surrealismo estampado no rosto
Das criaturas de nossos esgotos

s

domingo, 1 de agosto de 2010

SOLIDÃO SILENCIOSA - POEMA

Sou um eterno apaixonado
Penso em voce
E vou de encontro ao meu passado
Emocionado como num jogo
Na hora de um gol do Botafogo

A noite está misteriosa
Crua
(Sua silhueta era tão indecorosa)
Esapero que minhas memóras não falhem
Apagando pequenos detalhes
Da nossa longa história

Estou só
E à solidão ninguem se adapta
A solidão maltrata
O pensamento inventa punhais de prata
A solidão mata

A noite está silenciosa
Nua
(Sua buceta era tão saborosa)
Sinto que estou exitado
E tentando inutilmente
Materializar meu presente no passado

NIETZCHE E A CULTURA ESCRAVA - CONTINUAÇÃO

Para Nietzche, o grego não tinha apenas um conceito para bem e mal, ruim e bom; tinha dois, dependendo do ponto de vista da classe que usava. Quem primeiro definiu a palavra foi o senhor, o escravo definia o que era justo ou injusto apenas num segundo momento. Logo o senhor é o dono é da palavra e da linguagem, o escravo primeiro tem que ter conhecimento de algo que nasceu do senhor para se posicionar sobre bem e mal, justo e injusto
Ser senhor é ter poder de se aproximar da linguagem. O senhor é quem diz sim, o escravo diz não; ele deixa de ser escravo e passa a ser senhor, não quando muda a sua classe social, mas quando se apropria da linguagem e deixa de dizer "não"(não a injustiça, não aos maus tratos etc...)
O homem moderno é atrofiado em relação à ação e à criação, recebe uma grande quantidade de informação que não consegue digerir. Na nossa cultura a tendência é o indivíduo negar seus valores ao invés de afirmar, ele não cria seus valores, não cria dianteira nem vanguarda.
Os valores para Nietzche são criados de acordo com certas necessidades, depois se sedimentam e aparecem como valores eternos. O fato de o escravo ter que produzir para o senhor alimentou todo um ódio, todo um ressentimento que gerou a rebelião dos escravos da moral que começou quando começou quando este começou a produzir os valores gerados do ódio que tinham e se desenvolvia ao contentar-se com uma vingança imaginária
Já o senhor revidava o seu ódio, revidava duelando, sendo assim, o senhor geralmente morria novo.Nesse sentido, o escravo passa a ser mais sábio que o senhor, que por ser tão arrogante passa a ser igualmente ingênuo, enquanto o escravo desenvolve a memória, porque jamais esquece o que sofreu e, nesse caso, passa a ser mais estrategista que o senhor.
O senhor é um tipo condenado ao desaparecimento, ele sempre necessita do espelho de um outro senhor para se reconhecer
Ao lado desses dois tipos, Nietzche aponta um terceiro tipo, que seria o tipo "sacerdote"; sacerdote não no sentido religioso da palavra, mas como aquele que atua consolando, e obviamente aliviando o sofrimento. A espiritualização não é fruto do senhor, mas do escravo, que é consolado pelo sacerdote.
A classe sacerdotal e a classe aristocrática e guerreira do senhor tendem a invejar-se mutuamente. Os senhores são robustos, livres e alegres, entretanto, os sacerdotes são inimi8gos mais malignos porque são impotentes, e a impotência faz crescer neles um ódio monstruoso, sinistro, intelectual e venenoso.
O tipo senhor luta até morrer, joga com a própria vida para se manter senhor, ao ser derrotado, ou morre ou se torna escravo. O tipo sacerdote surge para alivar o rancor daqueles que tem que segurar o revide; e do tipo escravo recebemos o legado da cultura e dos valores. Essa origem se repete através dos tempos na medida em que está escrita no caráter funesto da humanidade.
O cristianismo, espinha dorsal da civilização ocidental é,segundo Nietzche, o escravo no poder, a vitória do escravo sobre o senhor. A cultura judaico-cristã é uma cultura de escravos. Para ele, o burgues do século XIX, o capitalista, não é senhor, é um escravo bem sucedido.

NIETZCHE E A CULTURA ESCRAVA

A Grécia é o berço da civilização ocidental, e os poemas de Homero a matriz cultural dessa civilização. No entanto, para o filósofo alemão Friedrich Wilhelm Nietzche(l844-1900) a origem de nossa cultura e de nossos valores é uma origem baixa, uma vez que a nossa cultura não é uma cultura do senhor, mas, uma cultura do escravo. Ele entende que, no que seria a origem de nossa cultura existia posições antagônicas, uma certa dialética entre o senhor e o escravo.
Segundo Nietzche, os aristocratas caracterizavam-se pela boa musculatura, pela saude florescente, o que para isso contribui as guerras, a caça, a dança, os jogos, os exercícios físicos e tudo que implica uma atividade robusta, livre e alegre. Toda moral aristocrática nasceu de uma triunfante afirmação de si mesma. Já a moral dos escravos desevolveu-se opondo-se, implantando um "não" a tudo que era seu.
Nietzche entende que o senhor é uma força de opressão, sendo assim, o escravo designa como mau tudo que o senhor acha que é bom. Todo mau é atribuido ao escravo, já o senhor é visto como algo saudável e bom; o escravo não pode deixar de considerar a presença do senhor, porque ele está lá, oprimindo, já o senhor pode ignorar o escravo.
" A rebelião escrava na moral começa quando o próprio ressentimento se torna criador e gera valores: o ressentimento dos seres aos quais é negada a verdadeira reação, a dos atos, e que apenas por vingança obtém reparação - Nietzche - A Genealogia da Moral-pp 28-29"
O senhor é antes de tudo senhor de si mesmo, fala na primeira pessoa, e, ser senhor de si, é vencer em si a qualidade de ser senhor ou escravo e,é o momento em que se torna senhor, não quando se pássa para uma classe dominante, mas quando passa a agir.
Na luta pela sobrevivência o mais frágil é capaz de reagir e o reagir depende do golpe do senhor. o agir não. O senhor age.
"O homem do ressentimento não é franco, nem ingênuo, nem honesto e reto consigo. Sua alma olha de través, ele ama os refúgios, os subterfúgios, os caminhos ocultos, tudo escondido lhe agrada como seu mundo, sua segurança, seu bálsamo; ele entende do silêncio, do não esquecimento, da espera, do momentâneo apequnamento e da humilhação própria - Nietzche - A Genealogia da Moral - pp 30"
Baseando-se na dialética, de que segundo Nietzche, há um tipo senhor e um tipo escravo, entende-se que o senhor é o mestre e tem capacidade de responder, revidar todas as injustiças que lhe são feitas, mas em relação ao escravo, as injustiças tendem a canalizar uma raiva, gerar um ressentimento, um ódio pelo fato de ele não poder revidar uma ofensa. Todavia, segundo Nietzche, a cultura escrava sobrevive, visto que aprende a duras penas transformar essa raiva em algo que consegue elaborar, protelar e se transformar num ser mais arguto e mais inteligente(Pensa para sobreviver). CONTINUA

sábado, 31 de julho de 2010

Cidade Nua - Parte 2 - POEMA

A lua reflete nos canivetes
Que rasga o que resta das vestes
Da cidade nua
A noite escura parece uma pintura surrealista
Nas ruas criaturas indecisas se esbarram
E se procuram como turistas
Desconfiança, insegurança, a aprenção é intensa
Afinal poucos são os que pensam
Que o crime não compensa

A cidade vai e vem
Com as freadas dos ônibus e o balanço dos trens
Os sinistros estão aí para serem vistos
Sempre que voce chegar em casa
Veja se seu vizinho teve a mesma sorte
Ou se a morte o interceptou pelo caminho

Milhões de balas perdidas
Procuram insistentemente a sua vida
Falta de higiene, epidemias, malícias
Sons de sirenes assustando a polícia
Todo cidadão parece um verme
Seja lá qual for a cor da epiderme

Na cidade veloz
Carros derrapam em sangue e escarros
E investem contra nós com seus holofotes-faróis
A morte sobe cega o meio-fio
A próxima vítima pode ser o seu filho

Tudo é tão feio, infecto, frio
O mau cheiro escapa das grades dos bueiros
Ou exala dos cadaveres jogados nos terrenos baldios
Para aumentar o medo e alimentar o calafrio
Assaltantes gratuitos provocam curto-circuits nos fios

A penumbra envolve os destinos
E os meninos abandonados que são adotados pelo vício
Enquanto mendigos famintos
Devoram os ossos do ofício

Diga não a essas sacanagens
Tente ser diferente
Ou masturbe-se
E possua a cidade nua

Cidade Nua - Parte 1 - POEMA

A cidade é uma grande roleta
Que espalha neons cor violeta
E enfeita o calderão borbulhante
De doenças, neuroses e desavenças
Numa agitação alucinante
A população caminha tensa

Nas praças, nas ruas, nos largos
Mulheres sem graça riem de homens amargos
Os corações estão partidos
A solidão nunca hiberna
Todos parecem perdidos
Em suas ilusões eternas

A morte passou pela esquina
E levou com ela mais uma menina
Pessoas caladas comentam
__ A cidade é tão violenta
A desgraça está exposta
Para graça e deleite de quem gosta

O duro cotidiano torna utópico qualquer plano
Para amenizar as neuroses do cotidiano
As pessoas procuram nos bares e nas drogas
Over-dose de falsa felicidade
E embrigados de vida seguem avenidas coloridas

Mas todos os caminhos levam às trevas
Onde todas as retas são curvas
Vagam as almas penadas
Todas as metas são turvas
E sacam armas pesadas

Horda de selvagens invadem
Perpetuando velhas e inventando novas mutretas
Os covardes aplaudem
Para manter o status e etiquetar a etiqueta

Tire suas mãos dessa engrenagem
Tente não ser conivente
Perturbe-se
Ou engula a cidade crua

domingo, 25 de julho de 2010

POESIA MORTA - Poema

Minha poesia
É calcada em palavras amargas
Frases malucas
Temperadas com muito sal
Pouco açucar
Mas tem um toque de magia
Que provoca risos nas tragédias
Derrama lágrimas em comédias
E até seria cômica
Se não fosse tão trágica

Minha poesia privilegia os vigaristas
Vagabundos, cafetões, transformistas
Conformistas e os ativistas que fazem greve
Seguindo os que não sabem
O que querem e pra que serve

Minha poesia
Não ambiciona invadir a mídia
Com propostas polêmicas
Nem seduzir intelectuais da classe média
Com teorias acadêmicas
Meus versos tétricos, cafonas
Tem muito mais a ver com o universo
Que envolve as donas de casa
Que passam os dias em casa sózinhas
Como os eletrodomésticos das cozinhas

Minha poesia é abrangente e restrita
Repelente e bonita
Do repente é infinita
Minha poesia é leiga e erudita
Um pouco sagrada, muito maldita

Minha poesia
Está distante como amantes de caixeiros-viajantes
A todo instante a emoção dispara misseis
E nos tempos difíceis me envolve em fantasias e fetiches
As imagens são transparentes e escuras
As vezes meiga, as vezes bruta, as vezes leiga, as vezes culta
Um pouco intelectual e muito burra
Mesmo quando é legal, insulta
Minha poesia é um fruto podre da contra-cultura
Meros lampejos de lucidez nos meus relampejos dse loucura

Minha poesia se inspira
Em donzelas banguelas
Belas que desfilam nas vielas
Sonhando que um dia serão aquelas
Que sairam dos guetos das favelas

Minha poesia
É para os notívagos que não amam a lua
Também para os mendigos que apenas andam pelas ruas
Mas também serve para os otários
Bêbados, putas, viados, operários
Quem sabe também para estelionatários, malandros, presidiários
Minha poesia nasceu como uma apologia aos solitários
Reacionários sem escrupulos
Nasceu também para certos seres clandestinos que vagam sem destino
E somem após o crepúsculo

Minha poesia
É para as mulheres, os negros, os índios
E algumas outras minorias
É feita para ser declamada nas zonas
E em outras áreas de baixo meretrício
Louvada por meretrizes infelizes
Numa ode aos boêmios, aos ousados
Aos cafetões, gigolôs, sapatões, depravados
Quem sabe para algumas lésbicas domésticas, sodomizadas prostitutas
Todos e toas que tem disposição de ir a luta

Minha poesia
É para os invisíveis, os despresíveis
Os seres fracos, chatos, inconvenientes, opacos
Meche com aquelas donzelas apaixonadas
Que apenas num olhar ficam meladas
Mas não serve para dar roupa a descamisados
Muito menos pão a esfamiados
Não faz graça para os que remoem a desgraça
Sentados nos bancos das praças
Devorando jornais como traças

Minha poesia são trevas
Abismos, sombras, cavernas
Ístimos, bombas, tavernas
Mas insiste em esquentar o frio do seu coração
Enquanto sua alama hiberna

POESIA VIVA - Poema

Escrever poesia
É viver
Devaniando eternas fantasias
Eu escrevo
Para coordenar meus desgovernos

Escrevo poesia
Por inspiração e teimosia
Através da poesia
Externo ideologias
E confesso hipocrisias

O poeta garimpa poesia
Na rotina do dia a dia
Poesia é terapia
Poesia é demais
Poesia é uma paz
A revelia de tudo
Escrever poesia
É a melhor coisa do mundo

Escrever poesia
É sentir
Sensações estranhas de magia
Eu escrevo
Para acalmar os meus nervos

Escrevo poesia
Por devoção e heresia
Através da poesia
Exporto filosofia
E aborto agonia

O poeta limpa as porcarias
Que infectam o dia a dia
Poesia vicia
Poesia dá asas
Poesia ultrapassa
Os limites do verbo
Fazer poesia
É ultrapassar os limites do universo

Que a inspiração
Venha sempre do fundo do meu coração
E seja sempre verdadeira
Revelando o que sinto
Mesmo quando minto

domingo, 18 de julho de 2010

JORNADAS(Rumo a Era da Eterna Primavera) - POEMA - Parte II

Não sei qual a minha missão
Cansei de questionar o criador
Qeimei nas fogueiras da inquisição
Na busca de uma melhor explicação
Pura existência, evolução e criação
Devo admitir que aínda não descubri
A verdadeira razão do ser e de ser humano
Sinto que habito o planeta a milhões de anos
E confesso que viver é fascinante
O momento é formado a cada instante
Tudo no mundo é muito estranho
A vida confunde-se com os sonhos
Durante os devaneios minha alma passeia por Atlântida
E por outros continenetes submersos
Depois vagueia no espaço aberto
Na ânsia de disvendar certos mistérios do universo
Na razão exata do ser
Pode estar o sentido concreto para essa vida abstrata

Não sei para onde vou
Mas estou convicto que alcançarei o fim do infinito
Minha vida real realiza-se nos meus sonhos
E eu sempre acompanho a rota da translação
E a roleta de rotação do planeta
Já virei o mundo pelo avesso buscando o que desconheço
E concluí que o princípio é o fim do precipício
A volta ao começo leva a algo como "Adão e Eva"
Antes disso nada aconteceu
Tudo era sombras, breu
Total escuridão, cavernas
Trevas eternas e eu

Minhas vidas não deixaram muitos rastros
Mas lembro que sucumbi em holocaustos
Quando assassinaram muita gente
Também assisti grandes catástrofes que inundaram continentes
Fui vítima de homicídios
Renasci de infanticídios
Autodestruir-me em suicídios
Também chorei atrás dos muros dos presídios
Delirei amarrado em camas de hospícios
Mas o futuro sempre surge apagando o passado
Criando rápidos presentes
Meu destino é ir em frente rumo ao mundo dos astros encandescentes
Mesmo quando desencarnar desta matéria seguirei nestes mesmos trilhos
Através de minha forma etérea que preencherá os corpos de meus filhos
Contradizendo teses, teorias, religiões
E toda ciência até hoje conhecida

Darei prosseguimento a vida sendo eu mesmo meus herdeiros
Invadindo como um bravo guerreiro

Ou marinheiro de muitas viagens
Desmontando engrenagens
Decifrando incógnitas
Buscando respostas exatas que expliquem o sentido da vida
Traduzindo fórmulas desconhecidas da matemática
Decifrando mensagens ignoradas por todas as gramáticas
Mas minha ambição vai muito além da via-láctea
Quero tocar todas as estrelas, desbravar, colonizar outras galáxias
Sempre em frente
Adquirindo novas experiências
Com a ciência de outras formas de vida inteligente
De muitos outros sistemas solares
Até alcançar finalmente a era da eterna primavera
Onde floresce a semente da minha gente
Regada cuidadosamente por seus tutores
Observada de perto por muitos deuses criadores
Que devem estar a minha espera
Pois muitas vezes me procuraram pela Terra
Com seus Discos Voadores

JORNADAS (Rumo a Era da Eterna Primavera) - POEMA

Não sei de onde eu vim
Mas sinto que tem a ver
Com o princípio de tudo
Minhas artérias estão umbilicalmente ligadas
Ao começo do mundo
O corpo é apenas um invóculo
Rótulos assimilando mutações
E iunfluências de muitas gerações
Após várias reencarnações
Meu espírito eremita, ancião
Desafia a imensidão do universo
Buscando infinitos diversos
Mas aínda é pouco para o afã louco
De quem busca motivos, sentido,lógicas
E anseia muito mais
Que ser um ínfimo grão de areia
Na linda e infinda cadeia cósmica

Não sei bem quando nasci
Mas a minha forma etérea
Já pairava sobre a Terra
Quando essa aínda era
Uma grande bola de fogo
Atravessou muitas eras num interminável jogo
Envolvendo todos os meus ancestrais
Sou um eterno sobrevivente
O passado integra-se totalmente ao meu presente
Contradizendo todas as teses
Assumindo corpos de ambos os sexos
Recheados de sangue, feses e sentimentos complexos

Não tenho certeza de quem sou
Mas dividi a minha mesa com alguns faraós
Que adoravam os astros e irradiavam como faróis
Viajavam em naves de deuses velozes
Que emitiam mensagens sem vozes
Aprendi a conviver com muitas raças
Que só tinham em comum as frequentes ameaças de extinção
Sempre respeitei o isolamento cativo
De certos seres primitivos
Mas ainda não estou preparado para assistir ao vivo
O apodrecimento de todo ser vivo
Todo corpo humano é velho
Como castelo em ruinas
Vulneráveis à inexoráveis moléstias
Que abatem em duelo a medicina
Qual será a próxima praga?
Quando virá a derradeira peste
Que encerrará a saga dos humanos terrestres?


LUA DESERTA (Em Memória de Cazuza) - POEMA

Não diga "Alô" ao telefone
A vida tem um codinome
É preciso mais que sonhar
Inventar um semblante calmo
Para enganar doenças
Que corropem a vida
E abalam a alma
E ser mais que um cara que corre
Enquanto o tempo para

Grite "Amor" no microfone
A morte não tem sobrenomes
As vezes é preciso voar
Satirizar salmos
Para dismistificar crenças
Que destroem a vida
E abalam a calma
E ser mais que um cara que morre
Enquanto o tempo dispara

domingo, 11 de julho de 2010

Ba-Ghana, Ba-Ghana - Comentáios sobre a Copa de 2010

Escrevo após ver a final entre Espanha e Holanda na Copa de 2010 realizada na África do sul. Por uma questão de parentesco e latinidade torci para a Espanha, que felizmente venceu na prorrogação por um gol a zero. Mas, para desespero dos patrulheiros ideológicos e os patriotas de plantão eu desde o inicio da competição não torci para a seleção do meu país, o Brasil, estava torcendo para todas as seleções africanas e no final quando ficou apenas a seleção de Ghana, passei a torcer ardentemente para aquele país, como se lá estivesse nascido. Explico:Desde que me entendo como gente, a sociedade, a elite e o estado brasileiro sempre fizeram questão de me lembrar que sou descendente de africanos e de escravos, ou seja, que sou um negro que vive numa sociedade dominada por uma classe senhorial branca, então, nada mais natural que num momento emblemático como este a minha negritude aflorasse. Por este motivo, quando jogou Brasil e a Costa do Marfim eu torci para a seleção do continenete aficano e fiquei abismado quando o Luiz Fabiano fez aquele gol em que levou a bola com a mão por duas vezes e o Galvão Bueno e seus colaboladores, o ex jogador Casa Grande, o ex árbitro Arnaldo Cesar Coelho e o tambem ex-jogador Junior elogiavam como o gol mais bonito da copa até então, pivilegiando o jeitinho brasileiro, deixando claro que para eles os meios(mesmo que ilícitos) justificavam o fim. É triste como brasileiro constatar que a corrupção, a desonestidade, o levar vantagem em tudo é algo cultural, introjetado nas veias e nos tentáculos de nossa sociedade. Os políticos nos refletem, nós que os elegemos. Eles são os frutos podres que caem da árvore oca e torta que representa a nossa sociedade. Se a sociedade não mudar não dá para pensar em politicos melhores. ATENÇÃO. Este ano é ano de eleições majoritárias.

ÁFRICA - Terra Mãe (POEMA)

A paz reinava na aldeia
Quando numa noite de lua cheia
O homem branco chegou
Trazendo um esboço de trabalho
De muito esforço e sem salário
O negro então se revoltou

O branco fazendo uso do chicote
Levando os negros quase a morte
A rebelião dominou
E embarcou em navios negreiros
Também conhecidos como Tumbeiros
Os negros com destino ao cativeiro

Nos cativeiros
Das terras do Brasil
Os negros cantavam
Canções muito tristes
Sempre lembrando
Que a Mãe África existe

Sempre castigados pelo açoite
Aqueles seres cor da noite
Sofriam com seus capatazes
Marcados e obrigados pela força bruta
A todo tipo de labuta
Até não aguntarem mais
Eram vnidos como mercadorias
Para os negros não havia noites e nem dias

Nos cativeiros
Das terras do Brasil
Os negros cantavam
Canções muito tristes
Sempre lembrando
Que a Mãe África existe

domingo, 6 de junho de 2010

Lâmina de Punhal - POEMA

Se eu apertar no calor de minhas mãos
A madrepérola de um cabo frio de um punhal
Talvez a ira invenene o coração
E a consciência me ordene para o mal

E se eu tiver que lançar uma pá de cal
Sobre um corpo que enfim chegou ao fim
Saciando a sede nas mimhas lágrimas de sal
E anseando a doce eternidade para mim

Quando o pecado representa uma carga
A consciência é a essência mais pesada
Não tendo o mel que tire o fel da boca amarga
Quem sabe o céu aceite o réu sem cobrar nada

Em todo mundo a maldade se alarga
Rios de sangue onde antes eram estradas
Hoje existem poucas mãos sem uma adaga
Porque a pena está mais fraca que a espada

Se minha alma transluzir pela matéria
Vou ficar ôco como um côco sobre a mesa
No transe o sangue também saia das artérias
Rubrando a alva expressão da realeza

E quando o aço adentrar pelo meu corpo
O meu sudário eu ofereço a quem me ama
Toda saudade que eu deixar depois de morto
Será eterna e passageira como a chama

Será eterna e passageira como a chama
Será eterna e passageira como a chama
Será eterna e passageira como a chama

domingo, 23 de maio de 2010

O Que Aconteceu com meus DVD'S

Ha 18 anos tenho um comércio de livros usados na Rua Magalhaes Couto em frente ao número 106 no Méier, como nunca trabalhei com objetos piratas, nunca havia tido problemas com instituições de segurança, até que no dia l5.04.2010 uma guarnição da Guarda Municipal comandada por um inspetor esteve na minha banca e levou 93 DVD'S dizendo que iria para a sede da G.M. em São Cristovão, eu estive lá no dia seguinte e me mandaram ir na DR-CEPIM na rua do Lavradio, lá me informaram para ir na delegacia do bairro, então eu fui na 26 e na 23 DP no Méier onde tambem não estavam. No dia 30.04.2010 estive na Ouvidoria da G.M. coversei com o ouvidor Diego que conseguiu localizar preenções anteriores epoeteriores à minha que tem o número 149895, mas não localizou a minha mercadoria, ele me pediu uma semana para descubrir o que foi feito com a minha mercadoria e faria um contato por telefone comigo e até hoje mais de um mês eu não obtive resposta. o que eu faço?

domingo, 2 de maio de 2010

Nave Mãe - POEMA

Atravesso a atmosfera da terra
Sem itinerário
Como um navegador solitário
Sem rumo definido
Mas com a certeza
De não estar perdido
Minha nave é bela
O espaço é bonito
Busco o infinitc
Onde se encontram as paralelas

É muito bom
Sonhar e viajar
Alem da velocidade do som
No espaço
Cada passo é um ano-luz
Estou só
Mas os corpos celestes
Passam por mim
Como pedestres
Amenizando o medo da solidão
Da imensidão
E
Dos buracos negros

De repente
A minha mente é nebulosa
O universo é inverso
e etéreo
Mas eu sigo
Ignorando perigos
E mistérios
Como invasor adúltero
Embrião telúrico
Filho único
No últero
Da nave mãe

Ponto de Partida - Para Giselle Barreto - POEMA

A morte
É o ponto de partida
Túnel que nos leva
À outra vida
Florida

A morte
É o ponto de subida
Passagem que eleva
À super vida
colorida

A morte
É o ponto inicial
Ponte que nos eleva
A ser imortal
Sem vida

domingo, 14 de março de 2010

SOMBRAS - Atrás de Todas as Sombras) -POEMA

Na sombra
De todo o silêncio acumulado
De todo o barulho exaltado
De todo o poder acorrentado
Esta a sombra de um homem
Esta a sombra dos que somem
Esta a mente de um lobisomem
A fragilidade de um papiro
A sede de sangue de um vampiro

Atrás das sombras
De todo o universo estrelado
De todos os bens confiscados
De todo o medo encontrado
De todo um povo calado
De todo o inimigo encarado
Esta a corda para um desesperado
Esta a fome de um necessitado
A vingança de um revoltado
A tristeza da gravura
Esta o abismo que leva a loucura

domingo, 3 de janeiro de 2010

Jazígo Perpétuo(Para Vladimir Herzog) - poema

Como dói
Ter no minúsculo vão de uma abertura
A sensação de se sentir inconsciente
E no crepúsculo ouvir todas as juras
De quem nasceu para lutar
Para viver inconfidente

Como dói
Ver que nunhuma chave abre a fechadura
Ter que morrer e não ver livre a sua gente
Padecer sem ver descer a ditadura
Sem conseguir arrebentar estas correntes

Como dói
Ver um jardim tão lindo sendo dizimado
Ver o capim navalha logo se alastrando
Ver o jasmim que deram a ti aprisionado
Mas como tu
Lutando e não se entregando

Como dói
Ver a tristeza em todas as formas de gravuras
Ver tão distante a chance de se redimir

jazigo perpétuo - Para Vladimir Herzog - POEMA

Como dói
Ter no minúsculo vão de uma abertura
A sensação de se sentir inconsciente
E no crepúsculo ouvir todas as juras
De que nasceu para lutar
Para viver inconfidente

Como dói
Ver que nenhuma chave abre a abertura
Ter que morrer e não ver livre a sua gente
Padecer sem ver descer a ditadura
Sem conseguir arrebentar
Estas correntes

Como dói
Ver um jardim tão lindo sendo dizimado
Ver o capim navalha logo se alastrando
Ver o jasmim que deram a ti aprisionado
Mas como tu
Lutando e não se entregando

Como dói
Ver a tristeza em todas as formas de gravura
Ver tão distante a forma de se redimir
Quem escreveu com sangue
Depois das torturas
"AQUI JAZ VLADIMIR"

sábado, 2 de janeiro de 2010

Divina Criatura - Poema

Tá tudo escuro
Chove em meu mundo
Preciso te ver
Mas tá tudo escuro
Só vejo muros
Onde anda voce?

Volto ao passado pra ficar ao seu lado
O agora, o presente, só me cobra os pecados
Eu custei a entender
Que amo voce

Estou em apuros
Mas eu me iludo
Voce vai me querer
Me sinto imaturo
Com medo do escuro
Voce vai me acender

Não encontro nos bares o alívio esperado
Vago pelas ruas como um pobre coitado
Vendo todo mundo só não vendo voce
Eu vendo todo mundo eu só não vendo voce

Menina Universo - Poema

Menina me dê a mão e venha na sombra
Na sombra negra do meu corpo negro
Menina há neste cálice um sangue quente
Um sangue que gerou do meu medo

Aperte meu coração com suas mãos frágeis
Mais frágil é meu coração
Insista na condição de me dar coragem
Pra navegar nesta imensidão
Menina

Menina respire fundo faça um vendaval
E leve as folhas secas deste quintal
Mas saiba que uma delas será meu corpo
Que leve irá bailando com o temporal

Acabe minha solidão com sua companhia
Assim pede o meu coração
Desista da intenção de me querer no dia
Que eu não te estender mais a mão
Menina

Menina me dê a mão e venha na noite
Na noite negra que é o meu corpo negro
Menina há neste corpo um sangue efervescente
Um sangue que ferveu com o seu desprezo