domingo, 3 de outubro de 2010

NAS ASAS DO VENTO - Poema

O céu batiza com águas sagradas
Pedras cativas
Paradas
Moinhos fantasmas inventam redomoinhos
E a brisa alisa
Verdejantes relvas do caminho

As matas dançam
Um vento constituído de tecido invisível
Me alcança
Balança e arrasta
Meu corpo leve
Num vôo breve
De sonhos
Que disperta num paraíso paradisíaco
Um tanto quanto perdido

Belas mulheres despem sudários de sêda
E vestem frias estátuas
Estáticas guardiãs do cotidiano
Segredos lacram a minha boca
Aprisionando palavras soltas, fugitivas
Disparando o coração
Carregado de emoções explosivas

O vento é cigano
Devasta terras
Move oceanos
Vence guerras
Armado de raios e trovões
Furacões abalam prédios concretos
As janelas sentem o impacto
De certos objetos abstratos
Que orquestram a dança das cortinas
E faz a festa com as saias das meninas

Velas e colheres descançam
Na solidão dos armários
E na exposição das mesas
Catiçais, porcelanas estilhaçadas
Enfeitam toalhas avessas
E o medo cala a minha boca
De palavras ocas e gengivas
E escancara o coração
Libertando aflição e ogivas

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