domingo, 3 de outubro de 2010

RASTROS DE RÉPTEIS - Poema

Certamente
A serpente não é falsa como a gente
Não quer comer a gente
Não quer matar a gente
Apesar do azar de quem cobra
A lealdade das cobras
Mas ter ou não ter
Eis a razão que se inverte
Confundindo os répteis
Que se amam e se repelem

Aquilo pode ser um crocodilo
Num disfarce de esquilo
Tudo é fruto da ciência, da eficiência
Da luta pela sobrevivência
Pior para quem não vê
Que ser ou não ser
Eis a questão que não nos compete
Muito menos aos répteis
Que se desnudam e se vestem

Jamais pode ser esquecido
O latido é o choro do cachorro
E de quem mais fizer côro
Dias ímpares, dias pares
Mesmas pessoas, cadáveres, lugares
Ver ou não ver
Eis a visão que nos remetem
Identificando os répteis
Que nos ofuscam e nos refletem

A multidão apressada
Lembra a solidão das manadas
Bandos que caminham para o nada
Lágrimas calcificadas, almas crucificadas
Vários horários, mil compromissos, sacros salários
Querer ou não querer
Eis as interrogações a que nos submetem
Dialogando como os répteis
Num dialeto sem intérpretes

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