domingo, 1 de novembro de 2009

Pavor dos Espelhos - poema

"Os mares de Espanha/Não banham o meu futuro/Não molham meu rosto escuro/Lágrimas de Áfricas/Inundam minhas ilhas/Fertilizam minha família"
O negro/Tem o coração em alto relevo/Não sei se devo/Mas vou revelar um segredo/Meu pai tinha muito medo/De ser negro
Ele odiava seus cabelos/Porque achava/Que parecia os pentelhos
Ele me dava conselhos/E eu tentava/Desembaraçar os seus novelos
O negro/Tem no coração um torpedo/Para bombardear o despreso/Não vou tentar ressucitá-lo do desterro/Mas meu pai sempre apontava o seu dedo/Na direção de um negro
Ele sempre me dava brinquedos/E eu brincava/Mas não o via como modelo
Sua cor sempre refletia em seus pesadelos
Talvez isto explique
O seu pavor dos espelhos.

Um comentário:

  1. muito bom, estou vendo exatamente isso em literatura america, a questão de como o negro absorve os conceitos brancos e nega a si mesmo, se vendo como a excessão, o diferente... vc tem otima percepção, escreve muito bem! parabens mais uma vez, meu rei!

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