sábado, 31 de julho de 2010

Cidade Nua - Parte 2 - POEMA

A lua reflete nos canivetes
Que rasga o que resta das vestes
Da cidade nua
A noite escura parece uma pintura surrealista
Nas ruas criaturas indecisas se esbarram
E se procuram como turistas
Desconfiança, insegurança, a aprenção é intensa
Afinal poucos são os que pensam
Que o crime não compensa

A cidade vai e vem
Com as freadas dos ônibus e o balanço dos trens
Os sinistros estão aí para serem vistos
Sempre que voce chegar em casa
Veja se seu vizinho teve a mesma sorte
Ou se a morte o interceptou pelo caminho

Milhões de balas perdidas
Procuram insistentemente a sua vida
Falta de higiene, epidemias, malícias
Sons de sirenes assustando a polícia
Todo cidadão parece um verme
Seja lá qual for a cor da epiderme

Na cidade veloz
Carros derrapam em sangue e escarros
E investem contra nós com seus holofotes-faróis
A morte sobe cega o meio-fio
A próxima vítima pode ser o seu filho

Tudo é tão feio, infecto, frio
O mau cheiro escapa das grades dos bueiros
Ou exala dos cadaveres jogados nos terrenos baldios
Para aumentar o medo e alimentar o calafrio
Assaltantes gratuitos provocam curto-circuits nos fios

A penumbra envolve os destinos
E os meninos abandonados que são adotados pelo vício
Enquanto mendigos famintos
Devoram os ossos do ofício

Diga não a essas sacanagens
Tente ser diferente
Ou masturbe-se
E possua a cidade nua

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